Finalizando a nossa série de posts sobre os novos recursos do C# 9.0. Neste artigo veremos dois novos recursos: inteiros nativos e melhorias na inferência de tipos.
Inteiros nativos
Aplicações que processam muitas operações matemáticas e precisam garantir que essas operações utilizem o máximo que o processador pode fornecer, agora podem fazer uso dos inteiros nativos.
Inteiros nativos são dois novos tipos de dados representados pelas cláusulas nint
e nuint
. Nos bastidores elas são alias, respectivamente, dos tipos System.IntPtr
and System.UIntPtr
.
Em tempo de desenvolvimento não há diferença entre os tipos int
e nint
:
int defaultInt = 55;
nint nativeInt = 55;
Entretanto, durante a execução da aplicação, se o computador for 32 bits, o nint
se comportará como um inteiro de 32bits. Se ele for 64bits, o tipo de comportará como um inteiro de 64 bits.
Para garantir que não haverá perda de dados, pode ser utilizado as constantes int.MinValue
e int.MaxValue
para verificar o limite inferior e superior de valores.
Melhorias na inferência de tipos
Chamado de target typing, a inferência de tipos é o processo onde o compilador infere o tipo de dado pelo contexto da expressão. Por exemplo:
var nome = "Treinaweb";
Na expressão acima, o compilador sabe que nome
é uma variável string
, pois está sendo atribuído à ela uma string.
Quando este tipo não pode ser inferido, o tipo da variável deve ser especificado:
string nome = null;
Pelo fato da variável nome
, na expressão acima, receber o valor null
, o seu tipo é especificado.
Antes do C# 9.0, a inferência de tipos era realizada fazendo o uso da cláusula var
, limitando seus benefícios as declarações das variáveis/objetos. Agora na nova versão da linguagem, este recurso foi estendido a cláusula new
.
Inferência de tipos em “expressões new”
No C#, a sintaxe para declarar um novo objeto é new T()
, sendo T
o tipo do objeto que está sendo instanciado. No C# 9.0, caso este tipo já estiver sendo especificado, ele pode ser omitido da expressão new
:
Pessoa pessoa = new();
O compilador saberá qual construtor invocado baseado no tipo do objeto. Se este construtor receber algum parâmetro, este deve ser informado:
Pessoa pessoa = new("Carlos");
Como o tipo do objeto precisa ser especificado na expressão, não é possível utilizar esta nova cláusula new
com a cláusula var
:
var pessoa = new("Carlos");//Será gerado um erro
Quando houver sobrecarga de construtor e/ou parâmetros opcionais?
Mesmo omitindo o tipo, o new
funciona da mesma forma que antes. Assim, mesmo se a classe declarar uma sobrecarga de construtor:
class Pessoa {
public string Nome { get; set; }
public Pessoa() {}
public Pessoa(string nome) {
Nome = nome;
}
}
O compilador saberá qual chamar de acordo com os parâmetros informados:
Pessoa pessoa1 = new();
Pessoa pessoa2 = new("Thomas");
Isso também ocorre se o construtor possuir parâmetros opcionais:
class Pessoa {
public string Nome { get; set; }
public string Tratamento { get; set; }
public Pessoa(string nome = null, string tratamento = null) {
Nome = nome;
Tratamento = tratamento;
}
}
Pessoa pessoa1 = new("Thomas");
Pessoa pessoa2 = new("Carlos", "Sr.");
E também pode-se fazer uso de parâmetros nomeados:
Pessoa pessoa3 = new(tratamento: "Sra.", nome:"Maria");
Porque usar o new
se já há o var
?
Se nos limitarmos apenas as declarações dos objetos. Uma expressão com o new
:
Pessoa pessoa = new("Thomas");
E uma expressão com o var
:
var pessoa = new Pessoa("Thomas");
Irão gerar o mesmo código intermediário. Então nessa situação, o uso de um ou de outro irá depender das preferências do desenvolvedor. Nenhuma das duas expressões irá tornar o código mais ou menos performático.
Entretanto, em situações onde o uso do var
não é possível e é que a nova expressão new
brilha, como na inicialização das propriedades de uma classe:
public class Curso
{
public Curso()
{
Alunos = new();
}
public List<Person> Alunos { get; }
}
O código acima poderia ser resumido para:
public class Curso
{
public List<Person> Alunos { get; } = new();
}
Melhorando ainda mais a sua legibilidade.
Conclusão
A nona versão do C# trouxe uma leva de novos recursos que visam principalmente melhorar a legibilidade do código e facilitar a vida do desenvolvedor. Assim como ocorre sempre, esses recursos serão adotados aos poucos, conforme novos projetos sejam criados e os antigos sejam migrados para esta nova versão da linguagem.
Então, caso não tenha visto os dois primeiros artigos desta série, recomendo que volte e veja como trabalhar com propriedades init e record e programas top-level e os novos recursos do pattern matching.
Por hoje é só. Até a próxima.