Usar as técnicas de acessibilidade é um dos elementos mais importantes no desenvolvimento moderno de sites e aplicativos, pois visa adaptar as páginas para que o maior número de usuários possa ter acesso ao conteúdo publicado na web, caso não conheça o conceito de design inclusivo, já falamos aqui no blog sobre design inclusivo ou também conhecido como design universal. Com isso, todos os tipos de pessoas terão uma melhor experiência se a acessibilidade for levada em consideração.
É fundamental pensar em acessibilidade web no início do projeto, já que implementá-la adequadamente na etapa final, além de ser mais difícil, pode ter um custo um pouco mais elevado. Por isso, todo profissional de tecnologia deveria entender qual é a importância de abordar esse tema, bem como ter um entendimento, no mínimo intermediário, de como ele é tratado, elaborado e aplicado.
Curso Acessibilidade - Introdução
Conhecer o cursoCartilha de acessibilidade web
De acordo com o World Wide Web Consortium - W3C, um consórcio internacional no qual organizações filiadas trabalham juntas para desenvolver padrões para a web, as técnicas de acessibilidade na internet permite que cada pessoa possa “perceber, entender, navegar, interagir e contribuir para a web”.
Nesse contexto, a acessibilidade de sites e aplicativos envolvem todas as condições necessárias para melhorar o acesso à internet, de pessoas com deficiências visuais, auditivas, físicas, de fala, cognitivas, neurológicas, entre outras.
Segundo a cartilha de acessibilidade do W3C Brasil, acessibilidade na web significa que pessoas com deficiência devem ser incluídas no ambiente digital. Ela também beneficia outros indivíduos que, ainda que não apresentem algum distúrbio, podem ter sua experiência de navegação prejudicada, como idosos.
Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web, afirma que “o poder da web está na sua universalidade. O acesso por todas as pessoas, não obstante a sua deficiência, é um aspecto essencial”. Para o W3C, “é essencial que a web seja acessível, de modo a prover igualdade de acesso e de oportunidades para pessoas com diferentes capacidades”.
Nesse cenário, para possibilitar a igualdade de oportunidades para que diferentes tipos de pessoas, independentemente de suas situações, possam ter autonomia para utilizar a web, é necessário considerar a implementação de algumas ferramentas de acessibilidade em sites ou aplicativos. Nos últimos anos, a internet fez grandes avanços para tornar as páginas mais acessíveis, no entanto, é responsabilidade dos designers e desenvolvedores melhorar seus próprios websites. Abaixo vamos comentar sobre alguns recursos fáceis de serem implementados:
HTML Semântico
É impressionante como a quantidade de sites e páginas na web crescem cada dia mais. Por isso, juntamente com o crescimento da internet, também aumenta os padrões, técnicas e práticas de desenvolvimento web.
Diante disso, o HTML com uma boa semântica visa descrever o significado do conteúdo presente em documentos HTML, deixando tudo mais claro, tanto para desenvolvedores, quanto para browsers. O elemento button tem diversos estilos já aplicados nele mesmo e é embutido com padrões de acessibilidade pelo teclado, botões estes que podem ser navegados por meio da tecla Tab, e ativados utilizando a tecla Enter.
Além da acessibilidade na internet, alguns dos benefícios de utilizar o HTML semântico são:
- Torna o código mais fácil de ser lido, entendido e desenvolvido;
- Torna a página mais fácil de ser encontrada pelos mecanismos de busca.
Leitor de Tela
Leitores de tela são programas utilizados para capturar qualquer informação apresentada em texto, com o objetivo de obter uma resposta do computador por meio de um sintetizador de voz. Em suma, o sistema passa por textos, fazendo a leitura de tudo o que ele consegue identificar, e permitindo que o usuário escute o conteúdo publicado na internet.
Esta ferramenta possibilita a navegação por menus, janelas e textos presentes em praticamente qualquer site ou aplicativo. A navegação é feita por meio de um teclado comum, então nenhuma adaptação ou equipamento especial é preciso para que este tipo de programa funcione. No entanto, é importante destacar que esse recurso não vai no site e, usar elementos como HTML semântico e atributo alt nas imagens, auxilia em seu funcionamento correto.
A navegação por meio de leitores de tela, que permite que o usuário consiga acompanhar a estrutura da página, funciona basicamente de três formas:
- Lendo toda a página ao navegar com as setas;
- Lendo os links ao navegar com a tecla Tab;
- Lendo os cabeçalhos ao navegar com a tecla H.
Esta ferramenta é usada principalmente por pessoas portadoras de alguma deficiência visual, seja ela permanente ou momentânea. Segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE em 2010, apenas no Brasil, existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão. Considerando estes dados, uma boa parte da população brasileira pode vir a usar este tipo de recurso.
Curso UX/UI - Introdução
Conhecer o cursoLeitor de Libras
Leitor de Libras é responsável por traduzir automaticamente conteúdos digitais, seja em texto, áudio, ou vídeo, para a Língua Brasileira de Sinais - Libras. Com isso, o programa permite que pessoas portadoras de alguma deficiência auditiva possam acessar os conteúdos da internet, em sua língua de comunicação, reduzindo as dificuldades e quebrando as barreiras de acesso à informação.
Uma ótima ferramenta gratuita é o Suite VLibras, um software brasileiro, fruto de uma parceria entre o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP), por meio da Secretaria de Tecnologia da Informação (STI) e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O recurso consiste em um conjunto de ferramentas computacionais de código aberto, responsável por traduzir os mais variados conteúdos digitais.
Abaixo é possível ver o leitor de libras funcionando no site do Governo federal:
O leitor de Libras é usando principalmente por pessoas portadoras de deficiência auditiva. Este grupo social encontra bastante dificuldade para ler, escrever e se comunicar de maneira oral na língua do seu país nativo. De acordo com o Censo de 2010, cerca de 10 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência auditiva. Outro dado importante de destacar é que 80% dos surdos não compreendem o português corretamente e precisam da Libras para receber informações.
Alto Contraste
O Alto Contraste é uma ferramenta que deixa o fundo da página totalmente escuro e as letras mais claras, podendo também ser relacionado à troca do tamanho das fontes. Este recurso, utilizado principalmente por pessoas que possuem médio ou alto déficit de visão, bem como usuários que apresentam algum grau de daltonismo, permite aumentar o contraste das cores do texto e das imagens na tela, facilitando sua identificação.
Podemos ver o recurso de alto contraste disponível na página do Governo:
Ao clicar no botão de alto contraste no canto superior direito, é possível ver o resultado:
Vale lembrar que a utilização de cores é um dos principais problemas de acessibilidade, pois nem todos os usuários as visualizam da mesma maneira, já que diversas pesquisas revelam que cerca de 8,5% da população masculina mundial apresentam deficiência na percepção de cores.
Sabemos que a cor é um recurso importante que costumamos utilizar para se comunicar na web. Entretanto, é um erro transmitir as informações somente por meio deste elemento visual. A cor deve sempre complementar uma mensagem, mas não pode ser o único mecanismo para passar o conteúdo. Para alcançar todas as pessoas, é recomendável que os designer e desenvolvedores adicionem ícones ou textos, mostrando claramente ao usuário a informação que ele deseja.
Curso Kanban - Fundamentos
Conhecer o cursoFerramenta de Lupa e Zoom
A ferramenta de Lupa tem o objetivo de ampliar palavras e imagens. O recurso, que também é um software à parte, permite que o usuário com baixa visão aumente o tamanho da fonte e/ou das imagens na tela do dispositivo, podendo aplicá-lo em toda tela ou em parte dela. Em alguns programas é possível personalizar a disposição da ferramenta nos modos: tela inteira, lente e ancorado.
Somado ao uso da Lupa, é recomendável que designers e programadores não desative a funcionalidade de zoom nas páginas da web, para aquelas pessoas que utilizam dispositivos móveis. O bloqueio do zoom, que está dentro do próprio site, prejudica pessoas que sofrem com déficit de visão, sendo que é sim possível desenvolver uma boa aplicação com zoom de até 200%.
Muitos sites disponibilizam a ferramenta de zoom para seu conteúdo, veja como exemplo, o site do Governo do estado de São Paulo:
De modo geral, vale lembrar que pessoas com baixa visão, mesmo que tenham acesso ampliado em seus dispositivos, estão mais propensas à fadiga, por conta da forte exposição a que ficam submetidas aos raios emitidos pelas telas. Por isso a importância de se pensar em um conjunto de recursos de acessibilidade, e não apenas na utilização de uma única ferramenta de maneira isolada.